sexta-feira, 30 de maio de 2008

Resultado da enquete

Que informação você tem sobre Plano de Carreira no Judiciário?

Nenhuma. Não sei nada: 12 (38%)
Pouca. Sei que a discussão já começou: 16 (51%)
Suficiente. Já li notícias e artigos sobre o assunto: 3 (9%)
Estou muito bem informado: 0 (0%)
Quem escolheu a primeira ou a segunda resposta pode aguardar. A discussão sobre o Plano de Carreira do Judiciário Federal já está na pauta dos sindicatos da FENAJUFE. Na primeira quinzena de julho a Coordenação do SINTRAJUSC irá levar o assunto aos servidores em reuniões regionais e em um seminário estadual. O objetivo é estimular o debate sobre temas fundamentais para consolidar a proposta de Carreira, entre eles ascensão funcional, paridade entre ativos e inativos, jornada de trabalho, qualificação, tabela de vencimentos, critérios para ocupação de função comissionada e CJ e saúde.
CONSULTE TAMBÉM A PÁGINA DO SINDICATO, CLICANDO NO ÍCONE DO PLANO DE CARREIRA (PARTE SUPERIOR DA PÁGINA). ALI VÃO ESTAR TODAS AS INFORMAÇÕES SOBRE O ASSUNTO DISPONIBILIZADOS AOS SERVIDORES.

Terra, liberdade, rosas e canções

Por Carmen Susana Tornquist - professora na UDESC

Reza uma interessante filosofia de botequim, que um relacionamento amoroso, para “dar certo”, precisa de três ingredientes básicos: atração (a inexplicável e inesquecível química), valores compartilhados pelos dois/duas amantes, e ainda, projetos, igualmente compartidos pelos “sujeitos” da relação, ainda que estes últimos não necessariamente tenham que ser totais, completos..Ou seja, muita química(esta, sempre inteira, total e absoluta), alguns valores e certos projetos em comum bastariam para garantir um bom período de significativa felicidade conjugal.

Esta “fórmula” poderia se empregada para pensar sobre os amores presentes na obra de Ken Loach. Sua engajada trajetória iniciou nos anos 60, da qual exibimos no Cinearth, Terra e Liberdade(1995),Pão e Rosas(2000) e Canção para Carla(1987). Nestas películas, os relacionamentos amorosos não são meros recursos para descansar o público das dramáticas tensões inerentes às revoluções e movimentos sociais: são eles mesmo politizados, problematizadores das tensões entre valores éticos e morais, dos projetos da disputa e interlocução entre projetos próximos, mas não iguais - micropolítica do cotidiano.

As relações amorosas, que prometem “virar o mundo de cabeça para baixo”, tal qual as revoluções, não tardam em revelar as vicissitudes e dilemas da existência em comum, da vida no coletivo, das diferenças e da diversidade. Amantes e combatentes, apaixonados por seus amados e por seus ideais, experimentam limites e desafios, e, quase sempre, se defrontam, de pronto, com escolhas, com dilemas de difícil resolução. Apenas um Beijo(2006) é que foge à esta tradição loachiana, onde vemos um “final feliz” , onde diferenças étnica, culturais e religiosas são abolidas pelo amor romântico moderno, final que, não sem razão, deixou muita gente incomodada e curiosa.

Nos três filmes citados, nos defrontamos é com a impossibilidade das relações entre indivíduos de mundos tão diversos, como mexicanos em busca de trabalho e sindicalistas profissionalizados e intelectualizados do Primeiro Mundo, ou entre ativistas do front anti-fascista, revolucionário “nativos” e aqueles advindos da Inglaterra, como em Terra e Liberdade. Este “amor”, tão louvado em verso e prosa, é histórico, socialmente situado e construído, fonte de ilusões e cegueira, e sempre fugaz: é o que dizem os historiadores, psicanalistas e pessoas mais sensatas e racionais do que os devotos do mito do amor repentino. Loach não é (ou não era?) um romântico, e costuma inviabilizar os amantes que põe em cena, seja pela morte, seja pelo regresso a terra natal. Vimos isso em Terra e Liberdade, quando Blanca morre fuzilada por ”camaradas”, assinalando o fim de um projeto realmente revolucionário na Guerra Civil Espanhola., e também o fim de sua (segunda) relação com um “camarada” estrangeiro/inglês.

Vimos isto também em Pão em Rosas, quando Maya, após a vitória nas lutas do sindicato dos faxineiros, vê seu romance com Sam (sindicalista libertário e rebelde) ser abortado em função de ter assaltado um mercado para pagar a matrícula na universidade ianque para seu ‘ex-pretendente”, este entusiasmado com o sonho americano. Desertando da alegria geral dos faxineiros latinos e afro-americanos, ela é, ao final, deportada junto com outros companheiros, e volta ao México, deixando para trás aqueles momentos de luta e fragmentos deste romance baseado na tríade acima citada(atração, valores, projetos).

Em Canção para Carla, não é diferente: a jovem nicaraguense, refugia-se em Glasgow, deixando para trás seu povo, e sua família, à época em plena revolução, após um brutal ataque dos contra a seu grupos de “músicos sandinistas”. Mas este auto-exílio não é definitivo: ela mantém aceso o desejo de retornar à sua nação em luta, colaborar com a revolução sandinista, em cujas trincheiras permanecera seu compañero Antonio. Nos anos 80, “Nica” e os valentes sandinistas entusiasmaram não apenas este povo, mas toda uma geração de idealistas](entre eles, certamente, Ken Loach). O diretor faz com que Carla encontre acolhida de um jovem condutor de ônibus local, parceiro de classe, que a acompanha, fascinado pela sua “beleza que vem de longe” – alteridade - em seu projeto de retorno à Nicarágua, cego e desinformado (como tantos brancos/europeus daquela época) do que realmente significava uma revolução em solo latino-americano.Levada, em parte pela dedicação de seu amante escocês , em parte pela possibilidade de regresso, mas sem se iludir com uma redenção qualquer, seja ela política, seja amorosa. Se Geo se fascina e se atira neste projeto de alteridade (apaixonado e sem razão),Carla sabe da dureza deste mundo, e se dança ao som de auspiciosas canções para arrecadar dinheiro, sobreviver e retornar, é porque aprendeu a tirar sangue das pedras, a buscar alegrias mínimas numa História de atrocidades ..

Carla e seu apaixonado namorado/amigo(?) Geo, chegam, então, à esta centro-américa, num momento em que os Contras já iniciariam sua vitória, e os revolucionários já estão sentindo os ventos da falência de seu sonho, começando um caminho triste de exaustão e desencanto. Amigos, parentes, companheiros de Carla foram mortos, torturados, destruídos, despedaçados... O cansaço de uma luta que se revelou inglória é a casa para a qual Carla traz seu namorado escocês. A identidade de classe, que em solo europeu os aproximara, (ele, operário/desempregado, ela migrante latina sem dinheiro nem documentos), vai cedendo espaço a um grande abismo, fronteira suficientemente sólida para afastar, quem sabe, sabiamente, os amantes. Geo dissera, logo no início do romance, ao levar Carla ara admirar uma bela paisagem que lhe aprazia admira porque estava sempre mudando: Carla, calada, nada falara de mudanças, mas agora, em solo próprio, é um sentido muitíssimo mais denso da mudança que vem a experimentar.

A cumplicidade dos corpos já se anunciara difícil no primeiro encontro erótico entre os dois: Georges tem inscrições corporais voluntariamente tatuadas em seu ombro, Carla traz nas costas marcas da guerra., e já nesta cena o “amor erótico” é ´barrado pela experiência que atravessa as carnes. Prova dos nove para um “amor” que nem sempre “tudo suporta, tudo crê, tudo aceita”... Geo conhece bem o lugar dos subalternos, seus amigos, sua família, seu bairro, seu trabalho não acena para outro lugar, mas tudo isto num país cuja preocupação maior era diminuir o numero de fumantes! Carla é bela e fascinante, vem de um desconhecido continente, um grande Outro, de quem Geo nem sequer tinha notícias antes de esbarrar em Carla. É ele, enfim, quem desiste de fato do projeto de um “ a dois” e retorna.... Não há protestos, não há milagres: cada um tem seu projeto, cada qual sabe seu definitivo lugar. Valores, projetos, químicas...

Será possível o “diálogo” verdadeiro, o convívio intercultural, intercontinental, internacional? É possível “vivermos juntos”, terceiro mundo, primeiro, quarto,... quantos mundos cabem neste mundo, enfim? Não há milagre não há Pasárgada, não há salvação - “tudo que é sólido desmancha ar, e homens (e mulheres) são finalmente forçados a enfrentar com sentidos mais sóbrios suas reais condições de vida ,sua relação com os outros”. Até aqui, nada de romantismo.

Para Ken Loach, talvez a resposta não seja sempre e infindavelmente “ não” (veja-se ” Apenas um Beijo”), mas parece que; para ele, também, o sonho do amor romântico, do “viver juntos” em diálogo e troca permanente, é daquelas preciosidades, difíceis de conquistar e que requerem trabalho permanente (revolução permanente) para seguirem vibrando.
Mas ainda há muito mais neste filmes, focadas na dimensão macro-política. Há muito mais, também, recorrências na sua vasta obra, com mais de 40 filmes, sem falar nos documentários, pouco conhecidos entre nós.Ceb lembrar que Loach é um dos cineastas que compõe o mosaico de filmes “11 de setembro”: ao tratar da queda das Torres Gêmeas, rememora o Outro 11 de setembro, 1973, Chile, ditadura militar, assassinato de mais um projeto de autonomia nacional. América Latina e Terceiro Mundo são, mesmo, centrais nas preocupações deste diretor. E que a escolha do atores não é aleatória: em Canção para Carla vemos Robert Carlyle, que atuou em O padre e Ou tudo ou nada, e ainda o “pai de Billy Elliot, aquele sindicalista amargurado pela dureza da vida operária, entre outros atores engajados nesta filmografia inglesa de inspiração “neo-marxista”.E claro, atores nicaragüenses, mexicanos, espanhóis, paquistaneses, ocupando papéis centrais e coadjuvantes e falando em suas próprias línguas.

Além disso, outros “outros” que também são colocados em cena nos filmes de Loach(ou melhor, outrAs): são mulheres: elas sempre estão em cena, e não são personagens quaisquer. Ocupam posições importantes, são protagonistas e/ou fortes coadjuvantes, e não faltam diálogos densos que tratem da suas experiências de mulheres, trabalhadoras,companheiras: testemunhos não exatamente incomuns de violência e violação, penúria e fardo, de lutas e de resistências. Lembremos o dilacerante diálogo entre Rosa e Maya, em Pão e Rosas, quando esta fica sabendo das razões de seu “egoísmo”, ou de Blanca, quando se revolta – mas sem desertar – com o comando central de seu partido, designando as mulheres para tarefas “femininas” do cuidado com os “combatentes”.Curar feridas, cozinhar comidas, preparar as camas. Lembremos da velha senhora catalã, que, em meio ao fogo cruzado entre stalinistas e trotskistas, pergunta a eles porque não deixam de lutar entre irmãos e vão combater os fascistas, os verdadeiros inimigos. Mulheres, nós o sabemos, estiveram e estarão presentes nos processos revolucionários de qualquer nível e em qualquer lugar.

Os filmes de Loach parecem sempre nos convocar, ainda e sempre, a pensar sobre política, utopias, revoluções, relações...sem romantizá-las e idealizá-las( assim como não romantiza as relações amorosas) mas sem desistir de buscar uma “nova suavidade”, e, quizás, uma nova sociedade . Não é porque “A” revolução se revelou muito mais difícil do que supunham nossas “vãs” filosofias, que devemos deixar de buscá-las. Utopias- políticas e amorosas - servem para isso, para seguir caminhando, não foi isso que disse Galeano? Fonte: IELA/UFSC

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Apufsc promove 1º Congresso de Professores da UFSC

De 2 a 4 de junho, a Apufsc promove a primeira edição do Congresso de Professores da UFSC. O objeto do evento é promover um espaço de diálogo entre os docentes da universidade. Abordando os temas “Universidade, Trabalho e Política”, o Congresso busca articular estes três eixos em busca do entendimento e da resolução dos problemas que afetam universidade pública e a atividade acadêmica.

O evento contará com atividades culturais na Tenda da Apufsc e uma extensa programação de debates. Confira:

2 de junho
19h30 - Auditório da Reitoria
Conferência de Abertura
- Roberto Romano (Unicamp)
- Roberto Leher (UFRJ)

3 de junho
14 horas - Auditório da Reitoria
Universidade no Sul do Brasil: reforma universitária e suas conseqüências
- Diorge Alceno Konrad (UFSM)
- Laura Fonseca (Unipampa)
- Milena Maria da Costa Martinez (UFPR)
- Carlos Henrique Lemos Soares (UFSC)

16 horas - Auditório da Reitoria
Maio de 68: 40 anos depois
- Christian Guy Caubet (UFSC)
- Ivan Valente (deputado federal - PSOL/ SP) [a confirmar]

19h30 - Auditório da Reitoria
Condições de Trabalho na Universidade: saúde do professor, assédio moral, direito autoral, produção acadêmica para quem?
- Américo Ishida (UFSC)
- Roberto Moraes Cruz (UFSC)

3 e 4 de junho -
entre 9 e 17 horas - Tenda Cultural
Montada na praça em frente ao Convivência com comida, ioga, panfletagem, música...

4 de junho
14 horas - Auditório da Reitoria
Fundações x Universidade: Apoio ou prejuízo?
- Carlos Becker Westphall (Apufsc)
- Christian Guy Caubet (UFSC)
- Reitoria da UFSC – convidado a confirmar

14 horas - Auditório do CFH
A Experiência dos Encontros de Professores da UFSC.
- Mauricio Roberto da Silva (UFSC)

14 horas - Auditório do Colégio de Aplicação
Carreira Única nas Universidades Federais
- Hélcio Queiróz Braga (SINDCEFET-MG)
- Alberto Elvino Franke (UFSC)

15 horas - Auditório do CFH
O Papel do Professor Aposentados no Movimento Sindical
- Fernando Molinos Pires (Andes-SN)

16 horas - Auditório do CFH
Concepções de Regimento e Sindicato
- Albertina Dutra Silva (Diretoria da Apufsc)
- João Carlos Fagundes (Conselho de Representantes da Apufsc)

16h30 - Auditório da Reitoria
História do Movimento Docente na UFSC
- Crenilde Rodrigues (UFSC)
- Marli Auras (UFSC)
- Vera Bazzo (UFSC)

17 horas - Auditório do CFH
A Universidade e o Plano Diretor
- Américo Ishida (UFSC)
- Janice Tirelli (Repres. do Campeche no Plano Diretor)

19h30 - Auditório da Reitoria
Movimento Sindical e Universidade: efeitos da proposta de reforma do governo federal no movimento docente
- José Vitorino Zago (Conlutas)
- Fernando Molinos Pires (Andes-SN)
- Ricardo Antunes (Unicamp)

A difícil arte de ser só

Por Elaine Tavares – jornalista

É assim. A gente sente um sentimento oceânico, ou um medo imenso ou qualquer outra coisa grandiosa, que precisa ser repartida. Então a gente busca os amigos. Mas eles estão ocupados demais e não podem te ouvir. É uma festa, um encontro, o ônibus que já vai sair. E tudo se esvai. E a gente fica sozinha na calçada, com aquela sensação abismal de abandono. Nestas horas há dois caminhos a seguir.

O primeiro deles é choramingar que ninguém te ama, ninguém te quer e que os teus amigos são uns egoístas que só pensam em suas próprias demandas. Baseado nisso, ir para casa com a firme certeza de que se está mergulhado na solidão, que a vida é injusta, que as pessoas não são capazes de retribuir todo o amor e o cuidado que se tem com elas cotidianamente.

O segundo caminho é o da deusa. Saber que aqueles que têm como missão serem os cuidadores da vida, seja de gente, bicho ou planta, são definitivamente seres solitários. São os que não precisam de nada em troca, são os que simples e gratuitamente dão... Sem nada esperar. São os que, como Morgana, a maga, fazem sua parte neste mundo material e depois entram na barcaça que conduz às brumas, e nelas se perdem para sempre.

Os seres humanos são seres do turbilhão. Estão, como o coelho de Alice, sempre com pressa. Mas isso não significa que não amam ou não se importam. É que poucos deles têm essa deliciosa certeza de que nas brumas vive o sagrado e que na presença do sagrado é impossível se estar só.

Iniciada nas coisas dos deuses, eu sempre optei pelo caminho de Morgana. Sem vazios na alma, sem autocomiseração. Mas, sozinha, domo minhas próprias ondas e navego, apesar da névoa, por que sei que, nas brumas, me espera a inefável deusa, a mãe. Então, não há motivos para ter medo de solidão ou tristeza. No sagrado, tenho a melhor companhia.

Claro que este é um caminho de fé.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Os riscos do retorno da inflação e seus reflexos sobre as relações de trabalho

Por Antônio Augusto de Queiroz* - 28/05/08
O Brasil vive um momento singular de sua história, com tríplice uma combinação: democracia, crescimento econômico [com estabilidade de preços e distribuição de renda], e consciência ambiental, como bem pontuou o consultor sindical e membro do corpo técnico do DIAP, João Guilherme Vargas Netto. Uma das pernas desse tripé, entretanto, está ameaçada pela pressão internacional sobre alguns preços, o que poderá justificar medidas preventivas contra o retorno da inflação com reflexos nas relações de trabalho.
A ameaça decorre de um verdadeiro choque, em nível mundial, nos preços de petróleo, de alimentos e de commodites, com pressões inflacionárias muito fortes, inclusive no Brasil. Embora o País seja beneficiário direto do aumento desses preços, já que é grande produtor e exportador dos três itens, a população, em geral, e, os assalariados, em particular, poderão ser penalizados com a reação da equipe econômica e do Banco Central no enfrentamento da ameaça de inflação.
O assunto não ganhou grande destaque nos veículos de comunicação, ainda, mas os 'analistas' já antecipam possíveis medidas de combate à inflação, entre as quais um profundo corte nos gastos públicos [despesas com pessoal e previdência] e aumento do superávit primário e das taxas de juros. Outros, adversários da distribuição de renda, já especulam que os salários da iniciativa privada têm crescido mais que os ganhos de produtividade [em alguns setores da economia] e que isto teria efeito inflacionário, insinuando que deve haver desaceleração nos ganhos reais nas negociações coletivas.
De fato, se for confirmada a tendência de crescimento da inflação [e será em nível planetário], independentemente das medidas que o ministério da Fazenda e o secretário do Tesouro venham a tomar, o Banco Central do Brasil, que possui autonomia operacional, não terá nenhuma dúvida em arrochar a política monetária e aumentar os juros no País, com reflexos desastrosos sobre a cadeia produtiva em geral e o mundo do trabalho, em particular, tanto dos servidores públicos quanto dos trabalhadores do setor privado.
Para os servidores, o reflexo seria, além de congelamento salarial após o realinhamento em curso, uma maior pressão para aprovar o pacote de maldades que se encontra no Congresso: PLP 1, PEC dos Precatórios, Lei de Greve, Fundações Públicas com contratação pela CLT, demissão por insuficiência de desempenho e previdência complementar privada, entre outros.
Para os assalariados, além do risco de negociações com mera reposição da inflação, colocaria em risco a aprovação da convenção 158 da OIT, do projeto que põe fim ao fator previdenciário, além de diminuir as chances de sucesso da campanha pela redução da jornada [para 40 horas semanais] sem redução de salário.
Trata-se, por enquanto, de mera tendência e com reflexos em todo o mundo, não havendo razão para o Governo colocar em risco as conquistas econômicas e sociais acumuladas. As autoridades não podem nem devem se apavorar, tomando medidas que inibam o consumo, o emprego e as negociações salariais, nem tampouco aumentem, artificialmente, mediante majoração das taxas de juros, o endividamento das famílias. O momento requer muita prudência.
* Antônio Augusto de Queiroz é jornalista, analista político, diretor de Documentação do Diap e assessor parlamentar da Fenajufe.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Coordenador da Fenajufe avalia Encontro de AS da Região Sul

Veja a avaliação de Joaquim José Teixeira Castrillon, da Coordenação da Fenajufe, sobre o I Encontro Regional Sul dos Agentes de Segurança.

domingo, 25 de maio de 2008

Nosso medo mais profundo

Por Nelson Mandela

"Nosso medo mais profundo não é o de não sermos bons o suficiente. O nosso medo mais profundo é o de sermos poderosos além da conta. É a nossa luz, e não a nossa escuridão, o que mais tememos. Por isso nos perguntamos: Quem somos para nos considerarmos brilhantes, maravilhosos, talentosos, fabulosos? Nós somos crianças de Deus. A nossa falsa humildade não vai servir o mundo. Não há nada de iluminado nesse encolher-se para que outros não se sintam inseguros à nossa volta. Estamos todos aqui para irradiar como fazem as crianças e à medida que deixamos a nossa luz brilhar, inconscientemente damos aos outros permissão para que brilhem também. À medida que nos liberamos do nosso próprio medo, a nossa presença automaticamente libera outros para que façam o mesmo."

"A segurança só para alguns é, de fato, a insegurança para todos."

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Os índios, o facão e os leitores

Por Adalberto Wodianer Marcondes, da Envolverde
Esta semana o Blog da Envolverde publicou em primeira mão o ataque de um grupo de índios ao diretor da Eletrobrás Paulo Rezende, a notícia nos veio por uma fonte que estava em Altamira. As cenas mostradas depois pela televisão são de muita brutalidade, o que gerou uma grande indignação na sociedade.
Não quero entrar no mérito de que tem ou tinha a razão. Em primeiro lugar, como valor absoluto, este jornalista repudia a violência, venha de onde vier. Também não quero me colocar a favor ou contra a construção da usina de Belo Monte, no Xingu, ou a favor ou contra a ação dos índios. Tenho minha opinião a respeito, mas gostaria de discutir neste post um outro assunto, os leitores.
O mesmo texto publicado aqui foi reproduzido no site da Envolverde, onde muitos leitores se manifestaram. Fiquei impressionado com o nível de generalização de alguns comentários. Frases como: “vocês ambientalistas são todos iguais”, “todos os índios são vagabundos” ou “devíamos fazer como os americanos, que se livraram dos índios deles”.
Me dei conta de quanto ainda é preciso fazer para que alguns setores da sociedade compreendam o pluralismo, o humanismo, a diversidade étnica e cultural e, principalmente, percebam o valor desta diversidade para a construção do Brasil. A generalização dos conceitos é a raiz de muitos preconceitos. Quando dizemos que todos que têm uma característica em comum são iguais, na verdade estamos colocando rótulos nas pessoas e em grupos e, a partir daí, não mais nos damos ao trabalho de pensar neles de forma racional ou diferente.
Recentemente estive no Xingu, acompanhando o jornalista Washington Novaes, para o lançamento do documentário “Xingu – Terra Ameaçada”, exibido depois pela TV Cultura. pude ter contato com um povo que está ciente de seu lugar no mundo, preocupado em preservar seus valores culturais e preocupado com questões planetárias. No entanto, no Brasil não índio, onde convivem brancos, negos, pardos, amarelos e gente das mais diversas etnias do planeta, pouco se sabe sobre o que significa “Cultura Indígena”, o comentário geral é de que eles vivem “sem trabalhar”.
A imprensa difunde esta impressão. Quando são noticiados os conflitos dos índios com empresas e organizações que vão contra seu modo de vida ou invadem seus territórios, surgem os comentários de que os índios querem “metade do Brasil”, ou que “as terras indígenas não são brasileiras”. (...)
Você lê o artigo completo no blog da Envolverde: http://dalmarcondes.blig.ig.com.br/(Blog da Envolverde)

Juízes debatem acidente de trabalho e doenças ocupacionais

A Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), realizará em agosto "Seminário Nacional sobre Acidente de Trabalho e Saúde Ocupacional" em parceria com a Amatra 2, a Escola da Magistratura da 2ª Região, a Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas (Abrat), e a Ordem dos Advogados do Brasil.

O evento acontecerá em São Paulo contará ainda com o apoio da Associação Latino-Americana de Juízes do Trabalho (ALJT), da Associação Luso-Brasileira dos Juristas Trabalhistas (Jutra) e da Associação Latino-Americana de Juízes Trabalhistas.

A data e o local do evento estão sendo definidos pela comissão organizadora e serão divulgadas em breve, no site da Anamatra e das demais entidades promotoras e parceiras.

Reflexão
O evento tem como objetivo suscitar debate e reflexão acerca das importantes questões que envolvem não só o julgamento de processos que envolvem os acidentes e doenças ocupacionais, mas também a fiscalização do trabalho e do infortúnio.

"É importante que os magistrados fiquem atentos para a divulgação da data do evento, de maneira que possam viabilizar a participação no seminário", explica a diretora de ensino e cultura da Anamatra, Fátima Stern, lembrando que a Anamatra encaminhará ofício aos tribunais, destacando a relevância do tema e da participação dos magistrados.

A sede do evento foi escolhida em face do grande número de processos que tramita na Justiça do Trabalho de São Paulo, versando sobre o adoecimento ocupacional. “Certamente será uma oportunidade única de discutir o tema - atribuído à Justiça do Trabalho após a Emenda 45 -, em face da realidade jurídica e social de nosso Estado", afirma Sônia Lacerda, presidente da Amatra 2. (André Santos, com Anamatra)

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Brasil tem 3,5 vezes mais jovens desempregados do que adultos

A falta de experiência, a necessidade de aliar emprego e escola e a falta de oportunidade estão entre as razões para o fato de que o desemprego juvenil é maior que entre adultos. E, no Brasil, esse problema é ainda mais agudo; na pesquisa "Juventude e políticas sociais no Brasil", ele é o país que tem a maior taxa proporcional de jovens desempregados, comparado com outros nove países. O estudo foi elaborado pelos técnicos Jorge Abrahão de Castro e Luseni Aquino, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O Brasil tem taxa de 46,6%. Os países latino-americanos, México e Argentina, vêm em seguida com 40,4% e 39,6%, respectivamente. Depois está o Reino Unido, 38,6%; a Suécia, com 33,3%; os Estados Unidos, com 33,2%; a Itália, com 25,9%; a Espanha, com 25,6%; a França, com 22,1% e a Alemanha, com 16,3%.

São 3,5 vezes mais jovens desempregados do que adultos - com mais de 24 anos. A maioria desses jovens necessita do emprego para contribuir com a subsistência familiar e alguns poucos para ter oportunidades de aprendizado, acesso ao lazer e à cultura, e à autonomia econômica.

Na luta para entrar no mercado de trabalho, esses jovens - que muitas vezes têm que abrir mão de ir para a escola, para o curso de qualificação - encontram empregos de curta duração e de baixa remuneração, o que dificulta a emancipação financeira. "As trajetórias ocupacionais se tornam mais incertas, na medida em que a rápida transformação do mundo do trabalho pode, em pouco tempo, tornar obsoletas determinadas qualificações", disse a pesquisa.

Os jovens de famílias trabalhadoras e de baixa renda ficam circulando entre essas ocupações, no mercado informal. De acordo com a pesquisa, além de não favorecer a conclusão da educação básica, é, muitas vezes, avaliada negativamente pelos empregadores. "Segue que este processo tende a reproduzir, na trajetória destes jovens no mundo do trabalho, as desigualdades sociais herdadas da geração anterior", acrescentou o estudo.

A alta taxa de desemprego juvenil, na faixa abaixo de 17 anos, indica que grande parte das famílias não tem meios de manter os jovens fora do mercado do trabalho até completar o ensino médio. Assim, percebe-se uma dificuldade cada vez mais notória de se realizar a transição da escola para o mundo do trabalho.

A sociedade vê no desemprego juvenil um campo para a disseminação da violência e a ampliação da pobreza e, segundo a pesquisa, ele é realmente um problema social, pois "por definição, o desempregado expressa o desejo, a necessidade e a disponibilidade de obter um trabalho assalariado".

Para enfrentar o desemprego juvenil, os governos brasileiros implementaram algumas políticas voltadas para incentivar a contratação de jovens, ou a qualificação profissional. A formação profissional pode ser instrumento para diminuir a rotatividade no emprego e permite que jovens possam buscar ocupações mais interessantes e começarem a construir uma carreira profissional.

Já nas políticas de incentivo à contratação, os benefícios não são tão explícitos. Quase todas - subsídio, transferindo para o Estado uma parte do custo salarial; redução dos encargos não salariais para a contratação de jovens - as tentativas tiveram baixa adesão do empresariado. Além disso, pelo já baixo custo da mão de obra do trabalhador jovem, elas não produziram grande impacto.

Para a pesquisa "as políticas de emprego devem contribuir não apenas para autonomia econômica, expressa na obtenção de uma renda própria, mas também para sua socialização em um ambiente diferente da sua família, vizinhança e escola". Fonte: Adital

terça-feira, 20 de maio de 2008

Querida Marina, por que foste excluída do Plano Amazônia Sustentável?

Por Frei Betto
Caíste de pé! Traze no sangue a efervescente biodiversidade da floresta amazônica. Teu coração desenha-se no formato do Acre e em teus ouvidos ressoa o grito de alerta de Chico Mendes. Corre em tuas veias o curso caudaloso dos rios ora ameaçados por aqueles que ignoram o teu valor e o significado de sustentabilidade.
Na Esplanada dos Ministérios, como ministra do Meio Ambiente, tu eras a Amazônia cabocla, indígena, mulher. Muitas vezes, ao ouvir tua voz clamar no deserto, me perguntei até quando agüentarias. Não te merece um governo que se cerca de latifundiários e cúmplices do massacre de ianomâmis. Não te merecem aqueles que miram impassíveis os densos rolos de fumaça volatilizando a nossa floresta para abrir espaço à monocultura do gado, da soja, da cana, ao corte irresponsável de madeiras nobres.
Por que foste excluída do Plano Amazônia Sustentável? A quem beneficiará este plano, aos ribeirinhos, aos povos indígenas, aos caiçaras, aos seringueiros ou às mineradoras, hidrelétricas, madeireiras e empresas do agronegócio? Quantas derrotas amargaste no governo? Lutaste ingloriamente para impedir a importação de pneus usados e transformar o nosso país em lixeira das nações metropolitanas; para evitar a aprovação dos transgênicos; para que se cumprisse a promessa histórica de reforma agrária.
Não te muniram de recursos necessários à execução do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia Legal, aprovado pelo governo em 2004. Entre 1990 e 2006, a área de cultivo de soja na Amazônia se expandiu ao ritmo médio de 18% ao ano. O rebanho se multiplicou 11% ao ano. Os satélites do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) detectaram, entre agosto e dezembro de 2007, a derrubada de 3.235 km2 de floresta.
É importante salientar que os satélites não contabilizam queimadas, apenas o corte raso de árvores. Portanto, nem dá para pôr a culpa na prolongada estiagem do segundo semestre de 2007. Como os satélites só captam cerca de 40% da área devastada, o próprio governo estima que 7.000 km2 tenham sido desmatados. Mato Grosso é responsável por 53,7% do estrago; o Pará, por 17,8%; e Rondônia, por 16%. Do total de emissões de carbono do Brasil, 70% resultam de queimadas na Amazônia.
Quem será punido? Tudo indica que ninguém. A bancada ruralista no Congresso conta com cerca de 200 parlamentares, um terço dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado. E, em ano de eleições municipais, não há nenhum indício de que os governos federal e estaduais pretendam infligir qualquer punição aos donos das motosserras com poder de abater árvores e eleger ($) candidatos.
Tu eras, Marina, um estorvo àqueles que comemoram, jubilosos, a tua demissão - os agressores ao meio ambiente, os mesmos que repudiam a proposta de se proibir no Brasil o fabrico de placas de amianto e consideram que "índio atrapalha o progresso". Defendeste com ousadia nossas florestas, biomas e ecossistemas, incomodando a quem não raciocina senão em cifrões e lucros, de costas aos direitos das futuras gerações.
Teus passos, Marina, foram sempre guiados pela ponderação e fé. Em teu coração jamais encontrou abrigo a sede de poder, o apego a cargos, a bajulação aos poderosos, e tua bolsa não conhece o dinheiro escuso da corrupção.
Retorna à tua cadeira no Senado. Lembra-te ali de teu colega Cícero, de quem estás separada por séculos, porém unida pela coerência ética, a justa indignação e o amor ao bem comum. Cícero se esforçou para que Catilina admitisse seus graves erros: "É tempo, acredita-me, de mudares essas disposições; desiste das chacinas e dos incêndios. Estás apanhado por todos os lados. Todos os teus planos são para nós mais claros que a luz do dia.Em que país do mundo estamos nós, afinal? Que governo é o nosso?"
Faz ressoar ali tudo que calaste como ministra. Não temas, Marina. As gerações futuras haverão de te agradecer e reconhecer o teu inestimável mérito. Fonte: Desacato

Centrais e movimentos sociais se mobilizam para aprovar PEC 438/01

Com apoio das centrais sindicais e dos movimentos sociais será realizado, nesta quarta-feira (21), encontro para lançar a frente nacional contra o trabalho escravo. A frente será formada por centrais, parlamentares e entidades da sociedade civil. A idéia é que com a ampla mobilização seja possível aprovar a PEC 438/01, do ex-senador Ademir Andrade (PSB/PA), ainda neste semestre, antes do recesso parlamentar e também do início do período eleitoral.

Ignacy Sachs diz por que o Brasil será o país líder da biocivilização

O polonês naturalizado francês Ignacy Sachs passou parte da vida no Brasil, como refugiado da Segunda Guerra Mundial, e aqui se formou em Economia. Vivendo hoje na França, professor da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, é chamado de ecossocioeconomista por alinhar conceitualmente crescimento econômico à preservação ambiental e ao bem-estar social.

Sachs vem com freqüência ao Brasil e, ao longo dos últimos anos, quem assiste a suas palestras sai com a certeza de que este, enfim, é o país do futuro. Pelo menos do futuro como Sachs o imagina, em que a fonte de energia e de vários outros produtos será não mais os combustíveis fósseis - petróleo, gás natural e carvão mineral -, mas a biomassa. O Brasil tem tudo o que a natureza pode dar, só falta alguma vontade e muito planejamento para melhor usar tudo isso.


Instituto Ethos: O que é a biocivilização, que o senhor diz que vai substituir a civilização do petróleo?

Ignacy Sachs: O historiador britânico Clive Ponting, no livro A História Verde da Humanidade, fala de duas grandes transições no passado. A primeira foi a passagem da coleta e caça para a agricultura e pecuária, uns 7.000 anos atrás. A segunda foi a grande transição para as energias fósseis, o que aconteceu a partir do século XVIII.

IE: E que veio junto com a revolução industrial.

IS: Que propiciou a revolução industrial, com fenomenais progressos técnicos, com aumento da produção, aumento da população, tudo isso. Agora, se queremos realmente evitar graves problemas com as mudanças climáticas, e com o que biólogos como Edward Wilson chamam de sexta grande extinção das espécies, temos de pensar não só na saída do petróleo, que vai demorar mais algumas décadas e provavelmente vai provocada pelo esgotamento do petróleo, e sim tentar sair das energias fósseis todas. E o que nós tínhamos antes das energias fósseis para manter nossa civilização? A energia solar captada pela fotossíntese, e depois usada como alimento humano, como ração animal, como matéria-prima etc. Então, estaremos de volta a uma biocivilização, ou seja, a energia solar captada pela fotossíntese passará a exercer um papel importante. Obviamente não exclusivo, mas importante. Vale lembrar que biomassa, para nossa civilização, é alimento humano, é ração animal, é adubo verde, é bioenergia, é material de construção, é matéria-prima para todo um leque de produtos da química verde, fibras, plásticos e mil outros produtos, cosméticos e fármacos. É um mundo. Eu chamo de biocivilização moderna uma civilização que vai tentar fazer o melhor uso possível dos produtos derivados da biomassa.

IE: Isso não significa uma volta à era pré-industrial?

IS: Não, gostaria de enfatizar que não se trata de uma volta para trás, para a idade das cavernas. E sim trata-se de um pulo de gato, um leapfrog, porque estamos voltando a essa energia solar em um outro nível da espiral dos nossos conhecimentos. Nós sabemos hoje, e vamos saber amanhã, extrair dessa biomassa um leque cada vez maior de produtos.

IE: E qual será o modelo dessa biocivilização? O senhor sempre comenta que será possível gerar mais empregos no campo, mas há também o risco de termos grandes propriedades rurais e montes de favelados nas cidades.

IS: Os modelos sociais vão de uma agricultura altamente mecanizada, sem homens, feita sobre latifúndios, até uma agricultura familiar com uma escala bem menor, e em geral baseada na policultura, e não na monocultura. Há também um conceito que está cada vez mais importando nesse debate: a pluriatividade do agricultor familiar e da sua família. Ou seja, ele não faz só uma coisa, ele faz várias coisas, dependendo da época do ano, e dependendo de qual pessoa se trata na família.

IE: Como assim?IS: Por exemplo, todas as oportunidades de emprego não-agrícolas que existem no meio rural. Você pode puxar uma parte da indústria de transformação para o campo. Com os progressos da tecnologia de comunicação, você gera toda uma série de atividades que podem ser descentralizadas, e onde não tem as economias de escala típicas da grande indústria de transformação. Depois, há uma certa mobilidade, ou seja, um membro da família pode estar trabalhando na cidade vizinha. E há também todos os serviços. Suponha que num assentamento de reforma agrária você reúna 500 famílias, cada uma delas recebe 10 hectares para cultivar o dendê, por exemplo, isso dá um emprego durante o ano todo para o chefe da família, pois o dendê produz durante o ano todo. E mais: vai haver a usina de óleo de dendê, vai ser preciso ter transporte, vai ser preciso ter serviços técnicos. E outra parte da família pode usar oito ou dez hectares para uma atividade agrossilvopastoril, para gerar mais um ou dois empregos. E 500 famílias é uma comunidade de 3000 pessoas, vai haver necessidade de serviços sociais, escola, creche, saúde e comércio - e também do primeiro indicador sério de progresso civilizatório: salões de beleza.

IE: Isso tudo vai gerar mais emprego.

IS: Sim, na realidade você gera, a partir de um processo de reforma agrária, um processo de transformação do assentamento em uma vila agroindustrial. E é nessa perspectiva que a gente tem que trabalhar. Agora, para resolver o problema de alimento, eu diria que a primeira fase de um assentamento deveria ter três componentes. Primeiro, sobre meio hectare para cada família, cria-se um projeto agroecológico integrado sustentável de produção intensiva de hortigranjeiros, com um galinheiro no meio, que vai assegurar o sustento da família e ainda algumas sobras para o mercado. Isso leva seis meses para ser feito, os custos dessa implantação são da ordem de 4.000 a 5.000 reais. Ao mesmo tempo, você inicia um mutirão assistido para construção das casas. Terceiro, você toma o cuidado de implantar desde o começo uma escola. Isso significa que, no primeiro ano, você resolve os problemas essenciais dos assentados, você os libera da cesta básica, e gera assim um espaço para irmos a projetos de maturação mais lenta, que podem ser coletivos ou individuais, e tomar diferentes formas de empreendedorismo.

IE: Como no caso do projeto baseado no cultivo do dendê e em uma fábrica de óleo.

IS: Nesse caso, o dendê aparece como uma oportunidade. Sempre lembrando o duplo uso do dendê, pois quando se faz a extração do óleo, as borras que ficam se prestam à produção de biodiesel. Ou, para simplificar, numa primeira extração temos o óleo para a moqueca, na segunda, para o automóvel. De qualquer forma, o dendê é um dos alimentos mais importantes no mundo hoje, é a gordura vegetal mais difundida.

IE: o senhor está dando um exemplo que pode ser aplicado ao Brasil. Por que o Brasil pode ser um dos principais atores nessa biocivilização?

IS: Porque tem um território que é um continente, está abençoado com a maior biodiversidade do mundo, tem uma boa dotação de recursos hídricos, com exceção do Polígono das Secas, e o sol é e sempre será eterno. Portanto, é uma série de vantagens comparativas naturais, às quais se agrega a existência de uma pesquisa agronômica e biológica das mais importantes, sobretudo uma competência indiscutível na agricultura tropical. O Brasil é a principal potência mundial em matéria de agricultura tropical. Portanto, como se diz na gíria, vocês estão com a faca e o queijo na mão. Agora, falta fazer, e são necessários para isso vários instrumentos de política pública para canalizar esse processo na boa direção não só ambiental, mas na boa direção social.

IE: O que é preciso para que isso aconteça?

IS: Para isso, a meu ver é necessário Zoneamento Econômico Ecológico, com uma etapa prévia que é pôr em pratos limpos a estrutura fundiária e os direitos de propriedade. Também uma certificação socioambiental rigorosa, não só para o mercado externo, mas também para o mercado interno. E, para promover os pequenos agricultores, o que eu chamo uma política de discriminação positiva, que passa pela capacitação, pela assistência técnica contínua, por créditos baratos e até subsidiados e acesso aos mercados. Mais uma pesquisa que faça jus à biodiversidade. Não só uma pesquisa das espécies vegetais e animais terrestres, mas vocês têm um potencial extraordinário para aquilo que eu chamo de revolução azul, ou seja, a passagem da pesca à piscicultura. Quando se tem um litoral que vocês têm, a Amazônia - que é uma paisagem semi-aquática-, o Pantanal e milhões de hectares de espelho d?água e reservatórios de hidrelétricas, além de uma biodiversidade em matéria de peixes e anfíbios enorme, é difícil imaginar um país que tenha melhores condições para avançar. Mas, veja como a gente tem de pensar sempre sistemicamente. É bom criar peixes, fazer a piscicultura. Mas seria ainda melhor se vocês conseguissem criar peixes herbívoros com uma ração feita com resíduos vegetais. Houve um projeto no sul da Bahia que tentou criar tilápias em tanques, alimentadas com uma ração de folhas de mandioca e de bananeira. Parece que a tilápia não gostou, mas quem sabe se vocês botarem uma outra mistura, e agregarem um ou outro sabor de Brasil, um temperozinho bem baiano, a tilápia vai gostar. Fonte: Instituto Ethos - 20/5/2008

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Piso de categorias com baixa remuneração se aproxima do mínimo, aponta Dieese

O piso salarial da maioria das categorias que recebem baixa remuneração se aproxima cada vez mais do valor do salário mínimo, segundo balanço divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

O estudo destaca que apesar do salário mínimo ter dado ganho real de 19% aos trabalhadores dessa faixa, entre 2005 e 2007, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC/IBGE), as negociações de pisos não vêm sendo feitas na mesma porcentagem.

Entre os 169 pisos salariais negociados no ano passado na indústria, segundo o Dieese, 55% oscilaram entre um a 1,25 salário mínimo. Ficaram também nessa faixa 67% de 68 negociações na área do comércio; 49% de 102 pisos fixados na área de serviços e 89% de 25 pisos fixados na área rural.

Ficaram com pisos salariais entre 1,51 salário mínimo a 1,75 salário mínimo 13% de 40 pisos firmados na indústria; 6% de seis pisos fixados para o comércio; 10% de 21 pisos na área de serviços, não tendo sido fixados pisos nessa faixa no setor rural.

Entre os pisos de mais de dois salários mínimos, 4,5% foram fixados em 14 acordos feitos na indústria; 9% de nove pisos no comércio; 14% de 30 negociações na área de serviços, não tendo sido fixado nenhum piso acima de dois salários mínimos em 2007 no setor rural.

O órgão destaca no estudo que a garantia de um valor mínimo "proporcional à extensão e complexidade do trabalho" está prevista na Constituição Federal como direito dos trabalhadores urbanos e rurais".

Leva em conta ainda que a fixação de pisos acima do salário mínimo nacional "contribui para a elevação da massa salarial, apesar de não acompanharem o mesmo índice concedido ao salário mínimo".

Outro fator apontado pelo Dieese é que a fixação de pisos mínimos favorece as faixas salariais imediatamente subseqüentes e inibem demissões pelos patrões sob pretexto de reduzir custos, reduzindo a rotatividade dos trabalhadores. (Fonte: Radiobrás)

Leia estudo:
“Estudos e Pesquisas número 39, Balanço dos Pisos Salariais Negociados em 2007”.

domingo, 18 de maio de 2008

Plano Diretor tem muita reunião, mas pouca participação

Míriam Santini de Abreu, jornalista no SINTRAJUSC
Está quieta a discussão do Plano Diretor Participativo de Florianópolis, que tem como eixo principal a participação efetiva da população, prevista no Estatuto da Cidade. O PDP irá definir o futuro da Capital no que se refere aos aspectos ambientais, culturais, econômicos, sociais, institucionais e espaciais. Até agora houve muita reunião, mas o assunto não “colou” no dia-a-dia da maioria dos moradores. São sete etapas previstas, e agora está se avançando para a terceira, que terá fóruns temáticos sobre área como meio ambiente, mobilidade urbana e saneamento. Modesto Azevedo, que representa a União Florianopolitana de Entidades Comunitárias (Ufeco) no Núcleo Gestor do PDP, fala sobre o assunto na entrevista abaixo:

sexta-feira, 16 de maio de 2008

UFSC oferece palestra sobre bem-estar animal

A palestra será com Ruth Newberry, professora do Centro de Estudos sobre Bem-Estar Animal da Universidade de Washington, EUA. Na terça (20/5), às 10h, no auditório da pós-graduação do Centro de Ciências Agrárias da UFSC.

A gente adora uma muvuca!

Por Míriam Santini de Abreu, jornalista no SINTRAJUSC

A gente adora uma muvuca! Basta caminhar no centro das cidades para perceber: o povo pára quando percebe uma agitação incomum, um alarido, um bafafá. Formam-se aquelas rodas cerradinhas, quem está fora nada vê, tem que chegar perto, forçar passagem, esticar o pescoço. Mesmo os apressados estreitam as sobrancelhas para tentar ver algo que dê uma pista do motivo para a curiosidade.
Há nas ruas das cidades - como há em Florianópolis - esses seres incomuns: o velho, tocador de viola, chapéu preto com algumas pratas juntadas ao longo do dia; os guarani, meninos e meninas ainda, com sua canção pungente, que sempre deixa a alma um pouco dolorida, ligada a um passado que, às vezes, ameaça não ter futuro; o vendedor de homens-aranha, que lança os pegajosos bonequinhos paredes acima enquanto grita: - Lá vem eles, lá vem eles!; o homem da cobra, estranhas ervas à venda, ameaçando os transeuntes com uma suposta cobra dentro de um saco. E como fala, esse o homem da cobra!
São acontecimentos da vida urbana bons de perceber. Revelam pequenas afrontas ao tempo do relógio, das mercadorias, da produção. Trinta segundos, um minuto, cinco, pouco mais, pouco menos, tirados para perceber a vida que pulsa na cidade, antes da entrega ao “expediente”. Tempo mágico, de desafio, impetuoso ao quebrar a rotina, arriscar um percurso diferente, um movimento mais sinuoso do corpo, um pensamento hostil ao estado de coisas dito normal.
O geógrafo Milton Santos dizia que, se há um futuro possível, ele está sendo gestado nas cidades, onde revela-se de maneira crua o desamparo a que boa parte da população está relegada mas, que, também, abre novas possibilidades de ampliação da consciência. Em seu livro “Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal”, ele diz que é nas cidades que se observarão a renascença e o peso da cultura popular.
Pena que esse espaço público apareça sempre tão negativamente na mídia. A rua é confundida com pista de veículos, com espaço de comércio – “comércio de rua” em contraposição ao “comércio de shopping”. Há poucas notícias e reportagens que abram outros sentidos, permitindo que essa vida que pulsa nas cidades apareça, mostre-se em suas belezas e feiúras. Mas Milton Santos também acreditava que, sob a pressão das situações locais, das pessoas vivendo nos lugares, se gestaria uma “comunicação imaginosa e emocionada”. Esse tempo virá, e para dar notícias desse espaço.

Se Marx fosse peão

Sentença em processo na Vara do Trabalho de Joinville sobre demissões na empresa Cipla usou uma bela poesia para ilustrar a situação do trabalhador:
A estância se acordou em dia de campereada
chiando pelas cambonas pra se iniciar a mateada.
De repente, um peão barbudo - atando a segunda espora - abriu a boca sisuda,
pondo os olhos campo a fora.
E falou pros companheiros de mesmo rumo e ofício
numa tal de "mais valia" falando em tom de comício
Contando um pouco de história - revoluções, coisa e tal -
foi falando de "trabalho", "propriedade" e "capital".
Terêncio ficou sabendo, com os "óio arregalado"
o que nunca, então, pensara: "todo o peão é explorado"...
E aquele peão barbudo, com a melena comprida,
foi falando enquanto via toda a peonada reunida...
"A peonada leva a tropa pra morrer no matadouro,
esfola a bunda nos "basto" o sol véio queima o couro-
mas o patrão barrigudo é que embolsa todo o ouro!
Se madruga todo dia pra "laçá" e "curá" bicheira,
se afunda os "garrão" no barro co'essas "vaca" da mangueira
- e o que nos sobra de tudo? só hemorróida e "frieira!"
"E ainda fazem rodeio em nome da Tradição!
Os "boi" de língua de fora pr'alegria do patrão!
O que era duro ofício se transforma em diversão
"E tem mais: a propriedade deve ser de quem trabalha!
"Quem sustenta a casa-grande são nossos "rancho" de palha
e se a peonada joga truco, o patrão é quem baralha!
"Nisto, chega o capataz, sempre de cara amarrada...
O Carlos fica solito, falando pra madrugada:
"... E tem gente trabalhando sem ter carteira assinada!"
Cada um pegou seu laço pra mais um dia de lida.
O sol campeiro encilhou a pampa verde estendida...
E aquele peão, no outro dia, pediu as contas - se foi...
tangendo um sonho distante, ouvindo um berro de boi.
Alguns dizem que o patrão é que botou porta a fora,

porque não tinha no lombo as marcas da velha espora.

E seguiu a velha estância no mesmo tranco, afinal:

Terêncio tirando leite, Nestor montando bagual...

O patrão com a guaiaca forrada dos "capital"...

(FARIAS, Juarez Machado de, Se Marx fosse peão. CD Sesmaria da Poesia Gaúcha) www.paginadogaucho.com.br/poes/smfp.htm

10% dos mais ricos no Brasil detêm 75% da riqueza, diz Ipea

O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) elaborou um levantamento que aponta as desigualdades no Brasil. Um dos dados mostra que os 10% mais ricos concentram 75,4% da riqueza do País.

Os dados, obtidos pela Folha Online, foram apresentados pelo presidente do Ipea, Márcio Pochmann, nesta quinta-feira (15), ao CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social). O objetivo, segundo ele, é oferecer elementos para a discussão da reforma tributária.

A pesquisa também mostra como é essa concentração em três capitais brasileiras. Em São Paulo, a concentração na mão dos 10% mais ricos é de 73,4%, em Salvador é de 67% e, no Rio, de 62,9%.

Para Pochmann, a injustiça do sistema tributário é uma das responsáveis pelas diferenças. "O dado mostra que o Brasil, a despeito das mudanças políticas, continua sem alterações nas desigualdades estruturais. O rico continua pagando pouco imposto", afirmou.

Apenas para efeito de comparação, ao final do Século 18, os 10% mais ricos concentravam 68% da riqueza no Rio de Janeiro - único dado disponível. "Mesmo com as mudanças no regime político e no padrão de desenvolvimento, a riqueza permanece pessimamente distribuída entre os brasileiros. É um absurdo uma concentração assim", afirma.

A pesquisa do Ipea também mostra o peso da carga tributária entre ricos e pobres, que chegam a pagar até 44,5% mais impostos. Para reduzir as desigualdades, o economista defende que os ricos tenham uma tributação exclusiva.

Pochmann afirmou que um dos caminhos é discutir uma reforma tributária que melhore a cobrança de impostos de acordo com a classe social. "Nenhum país conseguiu acabar com as desigualdades sociais sem uma reforma tributária", afirmou.

A pesquisa do Ipea também mostra um dado inédito. A carga tributária do País, excluindo as transferências de renda e pagamento de juros, cai a 12%, considerada por Pochmann insuficiente para que o Estado cumpra as suas funções.

Pobres pagam mais
Segundo o estudo, a carga tributária representa 22,7% da renda dos 10% mais ricos. Para os 10% mais pobres, no entanto, o peso equivale a 32,8% de sua renda.

A base da arrecadação no Brasil é mais forte na chamada tributação indireta, ou seja, embutida em alimentos ou bens de consumo. Como o brasileiro mais pobre gasta a maior parte de sua renda em consumo, paga mais impostos.

Considerando apenas a tributação indireta, a carga dos mais pobres é de 29,1%, contra 10,7% dos mais ricos. Na comparação apenas da tributação direta, como o Imposto de Renda, os mais pobres pagam o equivalente a 3,7% de sua renda, enquanto que os mais ricos pagam 12%.

"O mais pobre compromete mais a sua renda com produtos de sobrevivência, por isso paga mais imposto. A tributação é indireta, que tem estrutura fortemente regressiva", afirmou. Para Pochmann, esse modelo é inaceitável. A pesquisa mostra que, por conta da tributação desigual, a concentração das riquezas continua fortemente nas mãos dos mais ricos. Ele defende a criação de um imposto extra sobre fortunas ou heranças, no caso de patrimônios.

Taxar as grandes fortunas
Os brasileiros mais ricos deveriam pagar um imposto extra sobre suas fortunas ou heranças para reduzir as desigualdades sociais e de renda no País. Essa é a tese defendida pelo presidente do Ipea.

Para ele, o sistema tributário atual não ajuda na redução das desigualdades e a reforma tributária deveria incluir essa medida. "Não há imposto sobre riqueza ou herança. Faltam impostos sobre as fortunas. Apesar das mudanças políticas no país, o rico continua pagando pouco imposto", afirmou.

"O Brasil arrecada mal. A carga tributária é pessimamente distribuída", afirmou Pochmann. Para ele, o novo imposto deveria ficar a cargo da Receita Federal. O estudo também mostra que os 10% mais ricos concentram 75,4% da riqueza do País. (Com agências)

Dieese divulga estudo sobre pisos salariais

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese) colocou disponível no último dia 12, em seu site na internet, o “Estudos e Pesquisas número 39, Balanço dos Pisos Salariais Negociados em 2007”.

Em 2007, 56% dos pisos salariais estabelecidos em acordos e convenções coletivas firmadas em 646 processos de negociação atingiram, no máximo, 1,25 salário mínimo. Em 2005, o primeiro ano em que o Dieese, por meio do Sistema de Acompanhamento de Salários (SAS) realizou este levantamento, 25% das informações então obtidas apresentavam patamar similar.

Por outro lado, no mesmo período diminuiu a proporção de categorias que negociam valores superiores a 2,5 mínimos: passaram de 9,5%, em 2005, para 4,5%, em 2007. A tendência de aproximação dos pisos salariais negociados ao salário mínimo é decorrência dos aumentos reais aplicados ao menor salário oficial do País, nos últimos anos.

Setor econômico
Estes reajustes acima da inflação resultam de campanha desenvolvida pelas centrais sindicais com o objetivo de se estabelecer uma política de correção para este piso. Entre 2005 e 2007, o aumento real do salário mínimo correspondeu a 19%, quando comparado com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar desta concentração de pisos mais perto do salário mínimo, as negociações de 2007 foram favoráveis aos trabalhadores e asseguraram aumentos reais de salário (
leia mais), principalmente para o piso, que historicamente tem tratamento diferenciado nas negociações. Assim, embora os ganhos alcançados pelos pisos tenham sido inferiores aos obtidos pelo salário mínimo, esse resultado decorre mais da evolução do salário mínimo e menos da negociação dos pisos salariais.

Quando se considera o comportamento dos pisos segundo setor econômico, verifica-se que o pior resultado ocorreu no setor rural, onde aproximadamente 90% dos pisos acordados superaram o mínimo em no máximo 25%. No comércio, 85% das negociações conquistaram pisos de até 1,5 mínimos e 9%, obtiveram pisos superiores a 2 mínimos.

Formação universitária
Na indústria, quase 80% das convenções e acordos fixaram pisos de até 1,5 salário e mais da metade não superou 1,25. Nos serviços está o maior percentual de pisos que valem mais de 2 mínimos: 14%. Mas o maior piso foi localizado na indústria metalúrgica: 8,5 mínimos.

Os dados de 2007 mostram que os pisos salariais pagos a trabalhadores com formação universitária chegam a corresponder a 2,8 vezes o dos que não têm o mesmo nível de escolaridade. Do painel de 646 informações consideradas em 2007, 33% dos pisos negociados no último ano encontravam-se abaixo do salário mínimo de R$ 415, fixado a partir de 1º março de 2008.

Parte deles correspondia a categorias com data-base entre janeiro e março e que provavelmente já alteraram seus valores. Porém, cerca de 23% do painel são de meses posteriores e seus valores devem ser automaticamente reajustados para o valor do mínimo. (Fonte: CTB)

O Mundo em Duas Voltas vence o I Cine Fest Brasil Buenos Aires

O documentário em longa-metragem O Mundo em Duas Voltas, de David Schurmann, ganhou o troféu Lente de Cristal de melhor filme na opinião do público no I Cine Fest Brasil-Buenos Aires. O anúncio foi feito na noite de ontem, no Cine Recoleta Village, que desde o dia 8 exibiu 12 longas-metragens nacionais na mostra competitiva.
O Mundo em Duas Voltas traça um paralelo entre a primeira volta ao mundo, feita pelo navegador Fernão de Magalhães, que em 1519 liderou uma das mais fantásticas aventuras navais de todos os tempos e no final comprovou que a terra era redonda, e a viagem que a família Schurmann fez em 1997, seguindo a mesma rota de Magalhães.
O filme emocionou espectadores como o uruguaio residente em Buenos Aires, Gastán Gutiérrez, que desde os tempos de Glauber Rocha não assitia uma produção brasileira. "Fiquei com vontade de sair do cinema e rodar o mundo como eles. Tenho uma grande amiga brasileira, gosto muito do Brasil e fico feliz em poder assistir os novos filmes que vêm de lá", disse.
O I Cine Fest Brasil-Buenos Aires foi considerado um sucesso pelo público, pelos produtores locais e pela diretoria do Circuito Inffinito de Festivais, que realiza mostras de filmes brasileiros pelo mundo. "O Festival foi responsável por 20% da ocupação do Cine Village Recoleta, que conta com 16 salas de cinema. E neste fim de semana, superou a bilheteria de blockbusters como Meteoro e Speedy Racers", conta a coordenadora do complexo, Silvina Baum.
A diretora do Grupo Inffinito, Viviane Spinelli, já faz planos para a próxima edição. "Em 2009 vamos ampliar a estrutura do Festival promovendo debates entre diretores, produtores e estudantes brasileiros e argentinos. E além de preencher essa lacuna que existe na exibição de filmes brasileiros aqui, vamos fomentar negócios no mercado audiovisual latino-americano", adianta Viviane. Esta primeira edição já está rendendo frutos.
O coreano Song Hee, exportador de filmes da América Latina para cinema e TV na Coréia está de olho em Alucinados, do Roberto Santucci. "Esse festival chegou na hora certa. Há tempos tenho interesse em comprar filmes brasileiros, mas não tinha acesso a eles. Na Coréia há uma lei que garante cotas de exibição para filmes locais e latino-americanos. Hollywood não domina as salas de exibição coreanas", explica.
O filme Polaroides Urbanas, de Miguel Falabella, encerrou a programação do festival na noite de ontem, em exibição hors-concours, que contou com a presença da produtora Paula Barreto. "Participo deste circuito desde a primeira edição, em Miami, e fico muito feliz em ver como o cinema brasileiro é bem recebido em todos os lugares por onde passa". Fonte: Palavra Assessoria de Comunicação

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Devia ser proibido

devia ser proibido
uma saudade tão má
de uma pessoa tão boa
falar, gritar, reclamar
se a nossa voz não ecoa
dizer não vou mais voltar
sumir pelo mundo afora
alguém com tudo pra dar
tirar o seu corpo fora
devia ser proibido
estar do lado de cá
enquanto a lembrança voa
reviver, ter que lembrar
e calar por mais que doa
chorar, não mais respirar (ar)
dizer adeus, ir embora
você partir e ficar
pra outra vida, outra hora
devia ser proibido...

Música: Itamar Assumpção
Letra: Alice Ruiz

Quatro “erres” contra o consumismo

Leonardo Boff, teólogo

A fome é uma constante em todas as sociedades históricas. Hoje, entretanto, ela assume dimensões vergonhosas e simplesmente cruéis. Revela uma humanidade que perdeu a compaixão e a piedade. Erradicar a fome é um imperativo humanístico, ético, social e ambiental. Uma pré-condição mais imediata e possível de ser posta logo em prática é um novo padrão de consumo.
A sociedade dominante é notoriamente consumista. Dá centralidade ao consumo privado, sem auto-limite, como objetivo da própria sociedade e da vida das pessoas. Consome não apenas o necessário, o que é justificável, mas o supérfluo, o que questionavel. Esse consumismo só é possível porque as políticas econômicas que produzem os bens supérfluos são continuamente alimentadas, apoiadas e justificadas. Grande parte da produção se destina a gerar o que, na realidade, não precisamos para viver decentemente.
Como se trata do supérfluo, recorrem-se a mecanismos de propaganda, de marketing e de persuasão para induzir as pessoas a consumir e a fazê-las crer que o supérfluo é necessário e fonte secreta da felicidade.
O fundamental para este tipo de marketing é criar hábitos nos consumidores a tal ponto que se crie neles uma cultura consumista e a necessidade imperiosa de consumir. Mais e mais se suscitam necessidades artificiais e em função delas se monta a engrenagem da produção e da distribuição. As necessidades são ilimitadas, por estarem ancoradas no desejo que, por natureza, é ilimitado. Em razão disso, a produção tende a ser também ilimitada. Surge então uma sociedade, já denunciada por Marx, marcada por fetiches, albarrotada de bens supérfluos, pontilhada de shoppings, verdadeiros santuários do consumo, com altares cheios de ídolos milagreiros, mas ídolos, e, no termo, uma sociedade insatisfeita e vazia porque nada a sacia. Por isso, o consumo é crescente e nervoso, sem sabermos até quando a Terra finita aguentará essa exploração infinita de seus recursos.
Não causa espanto o fato de o Presidente Bush conclamar a população para consumir mais e mais e assim salvar a economia em crise, lógico, à custa da sustentabilidade do planeta e de seus ecossistemas. Contra isso, cabe recordar as palavras de Robert Kennedy, em 18 de março de 1968: ”Não encontraremos um ideal para a nação nem uma satisfação pessoal na mera acumulação e no mero consumo de bens materiais. O PIB não contempla a beleza de nossa poesia, nem a solidez dos valores familiares, não mede nossa argúcia, nem a nossa coragem, nem a nossa compaixão, nem a nossa devoção à pátria. Mede tudo menos aquilo que torna a vida verdadeiramente digna de ser vivida”. Três meses depois foi assassinado.
Para enfrentar o consumismo urge sermos conscientemente anti-cultura vigente. Há que se incorporar na vida cotidiana os quatro “erres” principais: reduzir os objetos de consumo, reutilizar os que já temos usado, reciclar os produtos dando-lhes outro fim e finalmente rejeitar o que é oferecido pelo marketing com fúria ou sutilmente para ser consumido.
Sem este espírito de rebeldia consequente contra todo tipo de manipulação do desejo e com a vontade de seguir outros caminhos ditados pela moderação, pela justa medida e pelo consumo responsável e solidário, corremos o risco de cairmos nas insídias do consumismo, aumentando o número de famintos e empobrecendo o planeta já devastado. Fonte: http://alainet.org/active/23961

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Cinema Latino-Americano no IELA

Já está na página do IELA a programação do Circuito de Cinema Latino-Americano e Caribenho, Ali Primera, que é promovido pelo IELA/UFSC todas às quintas feiras, às 18:30 minutos. Começa com uma sessão sobre a Colômbia e depois com líderes da América Latina. Dá um pulo lá e vê os filmes que estão programados. www.iela.ufsc.br

Confira alguns destaques da programação de cinema

Cineclube Nossa Senhora do Desterro - CIC

Angel Angel - 2007 - Bélgica/França/Reino Unido/ 134 min / Drama / Legendado. Direção: François Ozon - Elenco: Romola Garai, Sam Neill, Lucy Russell, Michael Fassbender.
A filha de um comerciante sonha em se tornar uma escritora famosa, para assim freqüentar a bela mansão de campo à frente da qual ela sempre passa, mas que nunca pôde entrar. A precoce Angel derrama todos seus desejos românticos numa prosa florida, que acaba por chamar a atenção de um conceituado editor de Londres. Rapidamente a fama se manifesta e Angel logo revela sua verdadeira natureza. Mesmo assim, seus livros tornam-se muito populares na sociedade inglesa do começo do século XX, um sucesso que transforma Angel numa antipática e arrogante mulher que ninguém ousa desafiar.
Quinta e sexta-feira (15 e 16) às 18h15
Ingresso:R$ 10,00 (inteira) - Preço diferenciado para estudantes com carteira da Une, Uces ou Ubes: Todos os dias: R$ 5,00 (meia)
Av. Irineu Bornhausen, 5600 - Centro Integrado de Cultura - CIC 3953-2301 ou 3247-5409
Mostra de Cinema - SESC Estreito

As Bicicletas de Belleville - Les Triplettes de Belleville - 2003 - França / 82 min / Livre / Animação / DubladoDireção: Sylvain Chomet Elenco: Michèle Caucheteux, Jean-Claude Donda, Michael Robin e Monica Viegas.
O jovem Champion treina para se tornar um grande campeão de ciclismo, mas, durante uma competição, Champion é seqüestrado e sua avó e seu cachorro partem em busca do garoto.
Segunda-feira - 19 de Maio Local: Auditório da Biblioteca Municipal Professor Barreiros Filho - Rua João Evangelista da Costa, 1160 – Estreito.Horário: às 19h. Valor: gratuito. Informações: (48) 3271-7914.

Participe da nova enquete da página do Sindicato

Com 62, 07% dos votos, o assunto “Plano de Carreira” estará na pauta da Rádio SINTRAJUSC nesta sexta-feira, dia 16. Participe da nova enquete em www.sintrajusc.org.br:

Qual assunto deve estar na pauta da Rádio Sintrajusc no dia 23 de maio?

1-Encontro dos Agentes de Segurança
2-Qualificação dos servidores
3-Plano Diretor Participativo da Capital

Comitê Catarinense contra a Criminalização dos Movimentos Sociais retoma atividades

Na quarta-feira, dia 14 de maio, às 19h, na sede administrativa do Sintufsc, será realizada mais uma reunião do Comitê Catarinense contra a Criminalização dos Movimentos Sociais. Agora o movimento precisa ganhar força e traçar estratégias para os próximos enfrentamentos. Vale lembrar que ainda está tramitando o processo contra 18 estudantes e alguns trabalhadores técnico-administrativos da UFSC, por conta de um ato político realizado em uma sessão do Conselho Universitário em 2005. Ainda, 11 estudantes estão sendo acusados de crime por participarem da ocupação da reitoria da UFSC durante a greve dos técnicos em 2007.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Feijoada festiva para ajudar Anna Paula

Venha desfrutar de um dia festivo, apreciando uma deliciosa feijoada acompanhada de música ao vivo. Você estará contribuindo para o tratamento de recuperação dos movimentos da amiga Anna Paula Feminella. Valor: 20,00
Valor para maior contribuição A: 50,00
Valor para maior contribuição B: 100,00

Dia: 31 de maio de 2008
Local: Sede do Bloco Carnavalesco Baiacu, em Santo Antônio de Lisboa
Horário: a partir das 12h
Informações: Lúcia 9989-3244

Anna Paula Feminella tem 34 anos, é professora de Educação Física e atualmente é diretora do SINTRASEM (Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal). Há quatro anos sofreu um acidente: a coluna de alvenaria que sustentava a rede (de descanso) em que se encontrava caiu sobre ela, provocando uma lesão medular que a deixou paraplégica. Mas o acidente não a estagnou, com ajuda de amigos e familiares voltou ao trabalho, à militância e segue em busca de todas as formas de tratamento. Recentemente descobriu, com amigos que foram a Cuba, um tratamento que prevê cirurgia de revascularização da medula - ou seja, possibilita o retorno da circulação sanguínea na região lesionada. Não há a garantia de melhoras, mas a possibilidade já é o suficiente para mobilizá-la e aos amigos e parentes na busca de recursos financeiros para custear o tratamento.Quem não puder vir na feijoada e quiser contribuir, pode fazer um depósito em uma conta específica da Campanha da Anna:Banco do Brasil – Agência 16-7 – Conta 48434-2

Cultura para domínio público

Dica especial do Blog do SINTRAJUSC. Acesse

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Por que a imprensa grande não noticia o que atinge a maioria da população?

A mídia geralmente tem preferência por divulgar notícias dramáticas, números sensacionais e “furos jornalísticos”. Os temas sociais são recorrentes, mas a abordagem não gira em torno de políticas públicas. É esse o diagnóstico feito pela jornalista Beatriz Barbosa em palestra sobre o desafio de aumentar a pauta de políticas públicas na grande imprensa, no último dia 5 de maio, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Ela ressaltou ainda que a política pública até pode ser uma pauta, mas não como um processo. Geralmente a cobertura é desqualificada de modo apenas a reafirmar políticas públicas ruins.

Um desvio de verba de determinado programa social geralmente é notícia, mas não são notícias, por exemplo, as conferências nacionais em diversas áreas como saúde e educação. Essas conferências, que só na área de saúde já foram realizadas mais de uma dezena, se configuram, de acordo com Beatriz, como uma etapa da política pública desconsiderada pelos grandes veículos de comunicação.

“A Conferência Nacional de Juventude recentemente reuniu dois mil jovens em Brasília, e nem uma linha foi escrita na grande imprensa sobre o assunto”, exemplifica.

A palestrante foi uma das convidadas da disciplina e curso de extensão de Jornalismo de Políticas Públicas Sociais, uma parceria entre o Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência (Netccon), da Escola de Comunicação da UFRJ, e a Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi).

Beatriz Barbosa é jornalista e especialista em direitos humanos, além de coordenadora do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, um dos principais movimentos que lutam no Brasil pela democratização da comunicação.

Origem elitista dos jornalistas é uma das raízes do problema
Para Beatriz, a pergunta “de onde vem o jornalista?” pode responder uma das origens da ausência de cobertura de políticas públicas na grande mídia. Grande parte dos que ingressam nos cursos de jornalismo são filhos de classe média ou alta, assim, “as grandes mazelas sociais não fazem parte do cotidiano desses futuros jornalistas”.

Outra origem da questão destacada pela jornalista é a formação do comunicador: mais técnica do que humanista e com foco no mercado. Essa formação também não possui, de acordo com ela, uma oferta de conhecimentos mínimos sobre o tema políticas públicas.

Em um segundo bloco de situações que podem causar essa ausência de cobertura, estão as condições de trabalho dos jornalistas. Segundo Beatriz, com as redações bastante enxutas, condições precárias de trabalho, a informação transformada em lucro e a falta de independência do jornalista na escolha da pauta, o resultado é um jornalismo que não aborda as questões que atingem a maioria da população.

Ainda uma terceira raiz do problema apontada por Beatriz é a concentração dos meios de comunicação. A jornalista lembra que apenas 9 famílias controlam 85% da informação no Brasil, apesar do artigo 220 da nossa Constituição proibir o monopólio.

“Só falta fabricarem as pessoas que vão assistir aos programas!”, brinca, sobre o fato de uma mesma empresa deter todo o processo de produção e distribuição da informação.

Soluções
Nas redações, uma formação continuada dos jornalistas, a investigação de dados e informações públicas, a cobertura do processo das políticas públicas, podem, de acordo com a palestrante, serem passos na solução do problema. Além disso, a prática de ouvir os beneficiários dessas políticas e de estabelecer canais de comunicação entre a população e a imprensa, como ouvidorias e a própria figura do ombusdman, seriam iniciativas importantes.

Na universidade, a criação de disciplinas obrigatórias específicas sobre as políticas públicas e projetos de extensão, também atuariam nesse sentido.

Essas iniciativas, para Beatriz, devem ser somadas a outras com foco específico na sociedade em geral, como a criação de disciplinas nas escolas sobre leitura crítica da mídia e a própria formação do cidadão sobre o papel da Estado e da Sociedade. Nesse sentido, o direito à comunicação deve ser entendido como um direito tão importante quanto qualquer outro.

“Mas enquanto não entendermos que a notícia deve ser de interesse público e entendermos o ser humano como sujeito da história, não mudaremos esse diagnóstico”, afirmou Beatriz Barbosa. A jornalista mencionou ainda que quando se trata de políticas públicas de comunicação, aí é que o tema não aparece de maneira nenhuma na grande imprensa. (Fonte: Núcleo Piratininga de Comunicação)

domingo, 11 de maio de 2008

Encontrei o Odimar

Por Elaine Tavares, jornalista
Foi num destes dias em que tudo o que tem para dar errado, dá. Saí de casa meio dormindo, por conta do cansaço de dias de trabalho duro. Acenei para o ônibus e lá fui, balançando, em pé, pois, como é comum em Florianópolis, os coletivos estão sempre lotados. Tudo por conta da ganância dos empresários que diminuem horários para ter mais lucro. Quem sofre é a ralé. A minha bolsa, enorme, ia colada nas costas, arqueando o corpo fraquinho. Numa dos braços levava uma caixa com uma filmadora, com a qual precisava registrar uma conferência. No outro braço carregava uns sete livros, que devolveria na biblioteca. Como sou baixinha, meu braço não alcança o ferro do ônibus e preciso me agarrar nas beiradas dos bancos. Nenhuma alma das que estavam sentadas se dispôs a uma gentileza urbana, que consiste em carregar as coisas dos que vão em pé. Assim que eu me equilibrava com todo aquele peso. Até aí sem novidade.
O problema é que o busu não ia para a universidade, eu havia pegado o carro errado. Saltei e caminhei umas cinco quadras até encontrar uma parada na qual passasse um que para a UFSC fosse. Entrei, esbaforida, pois já estava atrasada. Passei o cartão e, pasmem, não tinha mais crédito. Fui pegar dinheiro na bolsa, depois de toda uma novela com os livros e a filmadora e, adivinhem: não tinha dinheiro. Maior mico. Todo mundo no ônibus me olhando com aquela cara de paisagem, ou seja, estavam vendo, mas fingiam que não. Umas crianças, mais verdadeiras, riam. Pedi desculpas ao cobrador, que também não se prestou a gentileza de me deixar ir sem pagar, e saltei. Tive de andar desde o centro comercial Iguatemi até a UFSC com todo o peso. Soltava faíscas.
Passado o mico fui resolver a entrega do meu imposto de renda. Toda uma profusão de erros e complicações no programa. Arrisquei ligar para Receita Federal para ver se conseguia ajuda. Meio descrente, pois há o mito de que o povo atende mal no serviço público. Já ensaiava umas lágrimas, pois nada parecia dar certo. A telefonista atendeu e me deixou pendurada. Minutos eternos... E aquela musiquinha. Não agüentei, comecei a chorar. Então atendeu ao telefone o Odimar. Com a maior paciência do mundo foi ouvindo meu desespero e desmontando minha crise. Sem se preocupar com o tempo, desenredou meus nós. Tinha a voz tranqüila e um riso sereno. Então, como por encanto, tudo se acertou. E foi assim que, num dia de terrores urbanos, de transporte desintegrado, de “mala suerte”, de lei de Murphy, eu encontrei o Odimar. Um servidor público, um trabalhador, que amparou minha angústia, que me fez sorrir, que resolveu minhas dúvidas.
E toda essa odisséia foi para dizer que o serviço público é tudo o que temos. E que os trabalhadores públicos ali fazem sua parte, muitas vezes sem incentivo, sem condições. Vez ou outra são amargos, tristes, mal-educados. Mas outros há que não, e nos salvam, quando tudo o que queremos é alguém que nos diga: “Calma, vai dar tudo certo”. Assim fez o Odimar. E tudo deu certo. Valeu compa!!!

Poesia: primeira manhã do mundo

"A ética humana deve ser mais profunda --- cuidar das crianças, escutar música, não deixar que a poesia seque. Em nome de não sei o quê, sempre deixam a poesia de lado, logo a poesia que é dádiva perene dos anjos. Poesia: primeira manhã do mundo."
Frase do jornalista e poeta Fernando Karl

Seminário Sindical do Sintufsc discute as reformas neoliberais e a organização dos trabalhadores

No dia 15 de maio será realizado o Seminário Sindical do Sintufsc “As Reformas Neoliberais e a Organização dos Trabalhadores”, no auditório do CSE – Centro Sócio-Econômico da UFSC, das 8h30min às 18h. As inscrições prévias podem ser feitas na secretária do Sintufsc. Todos que participarem integralmente receberão certificado com carga horária de 8 horas.

Programação:
Mesa 1 - 8h30min – “Organização dos Trabalhadores”
Debatedores: Doroti Martins – professora do CFH e diretora da Apufsc
José Votório Zago – professor da Unicamp/Adunicamp

Mesa 2 – 14h – “Reformas Neoliberais”
Debatedores: Paulo Tumolo – professor do CED/UFSC
Sara Granemann – professora da UFRJ

RÁDIO SINTRAJUSC já disponibiliza arquivos de notícias e entrevistas em MP3

O SINTRAJUSC disponibiliza, desde sexta-feira, 9 de maio, programas pré-gravados com notícias e entrevistas. Os arquivos irão mudar sempre às sextas. Um dos coordenadores do Sindicato, Robak Barros, fará um boletim semanal sobre as atividades do Sindicato. A RÁDIO SINTRAJUSC tem ainda notícias e entrevistas sobre temas de interesses dos servidores. Acompanhe em http://www.sintrajusc.org.br/, no link Rádio SINTRAJUSC.

Tudo na UFSC!

Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infanto-Juvenil
De 12 a 16/5, semana de reflexões promovida pelo Núcleo Vida e Cuidado: Estudos e Pesquisas Sobre Violências, vinculado ao Centro de Educação da UFSC
Palestra com Charles Cesconetto na segunda-feira
O cineasta e diretor fotográfico, coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Multimidia Digital da Unisul, palestra na UFSC às 15h, no auditório do CCE
Mostra de curtas franceses
Na terça-feira, 13/5, às 19h, no miniauditório do CCE. Promoção do Departamento de Cinema
Seminário: A Psicologia e a Luta Antimanicomial
Dia 16/05, às 18h30, no auditório do Centro de Convivência. Mais informações com Bárbara - 8809 8952. Fonte: Agecom

Charge

Desenho de Amâncio - BrazilCartoon

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Depressão na pauta

O tema depressão, com 56% dos votos na enquete do Blog do SINTRAJUSC - http://sintrajusc.blogspot.com – estará na pauta da edição de junho do jornal O Grito. A edição de maio, entre outros assuntos, tratará de acidentes e doenças de trabalho.

Sessão Especial discute questão palestina

No dia 15 de maio, a partir das 19 horas, haverá Sessão Especial a respeito da questão Palestina na Câmara Municipal de São José. Os debatedores são Fawzi El Mashni, ex-embaixador da Autoridade Palestina no México, e Youssef Ahmad Youssef, professor da UNISUL. A Câmara Municipal de São José fica na Praça Arnoldo de Souza, 38, Centro Histórico de São José.

Fim do fator só será discutido depois da reforma tributária

Partidos de esquerda procuram um jeito de pautar a matéria, não sem antes viabilizar meios de aprová-la sem causar danos ao caixa da Previdência. Se depender do Governo, o projeto só será discutido depois de aprovada a reforma tributária

A orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não inibe petistas de estimular dentro do partido e na Câmara a discussão sobre o fim do fator previdenciário, instrumento utilizado para reduzir o valor do benefício de quem opta por se aposentar por tempo de contribuição. A proposta foi aprovada no Senado por iniciativa do senador Paulo Paim (PT/RS) e desagradou ao Governo.

O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT/SP), disse que o fator previdenciário não é prioridade para a pauta de votação. E o líder do Governo, deputado Henrique Fontana (PT/RS), disse que a proposta não deve ser discutida antes da reforma tributária. Para petistas, a questão do fim do fator passa apenas por uma saída para o problema que causaria aos caixas da Previdência.

“Esse é um tema que deve ser discutido. Precisamos fazer uma reflexão interna. Apesar de sabermos das dificuldades orçamentárias, temos que nos aprofundar nisso”, disse o deputado e secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo (SP). No mês passado, o presidente Lula criticou Paim por ter trabalhado para aprovar a proposta que causaria aumento desnecessário do déficit da Previdência.

Veto
O Governo estima que o fator promova uma economia de R$ 5 milhões a R$ 6 milhões aos caixas da Previdência. Em 2007, ele gerou uma economia de R$ 3,4 bilhões. “Se aprovarmos o fim do fator previdenciário hoje, o presidente Lula veta. Por isso temos que discutir direito, fazer as contas e apresentar uma proposta que acabe [com o fator] e não onere a Previdência”, disse o deputado petista Carlito Merss, de Santa Catarina.

Entenda o fator
O fator previdenciário foi criado em 1999 pelo Governo FHC com objetivo de equiparar a contribuição com o valor do benefício. Prevê que a aposentadoria do trabalhador seja equivalente à média dos últimos cinco anos de contribuição, levando em conta quatro fatores: alíquota de contribuição, idade, tempo de contribuição à Previdência Social e expectativa de vida no momento do pedido da aposentadoria. Ou seja, quanto menor a idade maior a redução da aposentadoria. O instrumento é uma maneira de forçar o trabalhador a adiar o pedido de pensão e aumentar os anos de contribuição, mesmo que já tenha cumprido os 30 anos, mulheres, ou 35 anos, homens.

Outro fator de redução do benefício é a expectativa de vida calculada anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Quanto maior a perspectiva de vida do aposentado menor será o valor da pensão no momento do pedido. O fator previdenciário é obrigatório para pedidos por tempo de contribuição e opcional para a aposentadoria por idade — 55 anos, para mulheres, e 60 anos, para homens.

O cálculo não é aplicado em aposentadorias especiais ou por invalidez, auxílio-acidente, salário-maternidade e auxílio-reclusão. O senador Paulo Paim (PT/RS), defensor do fim do fator, afirma que esse cálculo reduz em até 40% a pensão e os benefícios dos aposentados da iniciativa privada. (Fonte: Com CB)