Artigo de Carlos Raulino
Recentemente o caso Isabella, um crime bárbaro, teve muita repercussão na mídia, ganhando notoriedade por conta do apelo somado à covardia que choca com o requinte de crueldade, tem feito a sociedade se unir de forma efervescente na busca de justiça para o caso.
Porém, o Caso Isabella é uma pontinha mínima de um iceberg que envolve negligência e hipocrisia, onde é fato cotidiano o número cada vez maior de violações de Direitos Humanos onde as vítimas são crianças e adolescentes. De acordo com dados extraídos do Ministério da Justiça, entre os 10 maiores violadores dos Direitos estão nos primeiros lugares a mãe e o pai, em ainda entre os 10 estão as escolas e as creches.
Por ano no Brasil, mais de 4000 mil crianças morrem vítimas das violências causadas pelos agressores, e a estatística é maior nas comunidades de baixa renda, onde todo o direito da família também está sendo negligenciado, onde o estado não intervém como principal assegurador de Direitos, a mídia burguesa não cobre ou encobre muitas vezes os casos.
Mas ainda com a "encobertura" da mídia sobre os direitos violados, muita coisa ainda segue não-televisionada, como as crianças que são vítimas de balas perdidas no confronto entre a polícia e os traficantes, os números assustadores das crianças aliciadas pelo tráfico de entorpecentes ou pelo tráfico sexual, e toda essa cobertura é vista de forma negligente pela sociedade como um todo, que assiste sem nada fazer ou cobrar, ainda muito menos de chamar para si um pouco da culpa.
Em dados internacionais, de acordo com um relatório das Nações Unidas, nos últimos dez anos, já morreram dois milhões de crianças e quatro milhões ficaram gravemente mutiladas nas guerras pelo mundo. Em nossos países vizinhos, de acordo com a ADITAL, "a violência intra-familiar em 2007, em La Paz (Bolívia), aumentou em 10% em relação aos anos anteriores. São casos de violência física, acompanhados de casos de violência psicológica e, em menor escala, de violência sexual."
Na Colômbia, só no último mês de fevereiro, de acordo com a Watchlist, em seu relatório sobre a situação das crianças e jovens, vítimas da violência na Colômbia, com o título: “Colômbia: guerra aos meninos e às meninas”, retratando o período de outubro de 1996 e setembro de 1999, foram assassinados quarenta e nove meninos (4 casos foram atribuídos a funcionários públicos; 24, a paramilitares e 21, à guerrilha). Noventa e seis meninos foram mortos em 2002, vítimas de minas (estima-se que ainda existam cem mil minas espalhadas pela Colômbia).
Na Palestina, a vida de crianças e adolescentes está cada vez mais difícil. No que tange ao direito à educação, um relatório da Unrwa diz só 12 das 214 escolas da Faixa de Gaza estão funcionando devido à violência, e as crianças estão entre as principais vítimas da violência, sendo que, na última semana de março, 27 crianças foram vítimas de ações militares israelenses.
A verdade é que a diferença cultural no que diz respeito à concepção de infância tem gerado uma série de transtornos e equívocos na integração de crianças no mundo dos adultos, como o caso de crianças "soldados" no oriente médio e na África, que participam dos conflitos muitas vezes na linha de frente, lutando por causas que desconhecem ou não compreendem na relação entre suas vidas e a ideologia defendida.
Muito tem-se avançado no que tange aos Direitos Internacionais, onde muitos países são signatários da defesa integral e como prioridade absoluta na construção de políticas públicas para a infância e a juventude, mas ainda patinamos e não saímos muito do lugar no que trata da nossa concepção de proteção à infância, pois muitos pais ainda possuem a ideologia da repressão e da agressão como forma educacional, no "bom e velho" tapinha na bunda, ou o castigo por não fazer a lição. O diálogo ou até mesmo o exemplo ainda estão longe de serem a metodologia usada pelos pais e responsáveis.
Também ainda se tem a cultura do "em briga de marido e mulher ninguém mete a colher", e a idéia de que todos os pais sabem como educar seus filhos, e nessas duas idéias jazem muitos direitos que são violados no espaço intra-familiar, que, como apontam os relatórios, é o espaço de maior violação de direitos.
Voltando ao caso específico da menina Isabella, e o usando como exemplo, é fato que uma intervenção da vizinhança nos primeiros gritos de pedido de ajuda, se não pudesse salvá-la, ao menos teria, logo no início, possibilitado pegar os culpados.
Assim, fica a orientação para os educadores, líderes comunitários e formadores de opiniões, que orientem as crianças e mulheres, maiores vítimas de violência familiar, para que, no momento da agressão, gritem "incêndio", pois isso foge às idéias iniciais de "privacidade" do lar durante a violência, e chamem a atenção de vizinhos. No caso de “incêndio” a intervenção de outras pessoas é sempre certa.
Crianças e adolescentes são seres em pleno desenvolvimento, não tem sua concepção de credo e ideologia política desenvolvida, mesmo que reproduzida em suas ações cotidiana, e não podem sofrer com as guerras causadas pelos adultos por estas duas razões.
Crianças e adolescentes devem ser prioridades absolutas nas políticas nacionais, regionais e internacionais, há muitas Isabellas no mundo, e muitas haverão se não mudarmos nossas concepções. Fonte: Portal Desacato
Porém, o Caso Isabella é uma pontinha mínima de um iceberg que envolve negligência e hipocrisia, onde é fato cotidiano o número cada vez maior de violações de Direitos Humanos onde as vítimas são crianças e adolescentes. De acordo com dados extraídos do Ministério da Justiça, entre os 10 maiores violadores dos Direitos estão nos primeiros lugares a mãe e o pai, em ainda entre os 10 estão as escolas e as creches.
Por ano no Brasil, mais de 4000 mil crianças morrem vítimas das violências causadas pelos agressores, e a estatística é maior nas comunidades de baixa renda, onde todo o direito da família também está sendo negligenciado, onde o estado não intervém como principal assegurador de Direitos, a mídia burguesa não cobre ou encobre muitas vezes os casos.
Mas ainda com a "encobertura" da mídia sobre os direitos violados, muita coisa ainda segue não-televisionada, como as crianças que são vítimas de balas perdidas no confronto entre a polícia e os traficantes, os números assustadores das crianças aliciadas pelo tráfico de entorpecentes ou pelo tráfico sexual, e toda essa cobertura é vista de forma negligente pela sociedade como um todo, que assiste sem nada fazer ou cobrar, ainda muito menos de chamar para si um pouco da culpa.
Em dados internacionais, de acordo com um relatório das Nações Unidas, nos últimos dez anos, já morreram dois milhões de crianças e quatro milhões ficaram gravemente mutiladas nas guerras pelo mundo. Em nossos países vizinhos, de acordo com a ADITAL, "a violência intra-familiar em 2007, em La Paz (Bolívia), aumentou em 10% em relação aos anos anteriores. São casos de violência física, acompanhados de casos de violência psicológica e, em menor escala, de violência sexual."
Na Colômbia, só no último mês de fevereiro, de acordo com a Watchlist, em seu relatório sobre a situação das crianças e jovens, vítimas da violência na Colômbia, com o título: “Colômbia: guerra aos meninos e às meninas”, retratando o período de outubro de 1996 e setembro de 1999, foram assassinados quarenta e nove meninos (4 casos foram atribuídos a funcionários públicos; 24, a paramilitares e 21, à guerrilha). Noventa e seis meninos foram mortos em 2002, vítimas de minas (estima-se que ainda existam cem mil minas espalhadas pela Colômbia).
Na Palestina, a vida de crianças e adolescentes está cada vez mais difícil. No que tange ao direito à educação, um relatório da Unrwa diz só 12 das 214 escolas da Faixa de Gaza estão funcionando devido à violência, e as crianças estão entre as principais vítimas da violência, sendo que, na última semana de março, 27 crianças foram vítimas de ações militares israelenses.
A verdade é que a diferença cultural no que diz respeito à concepção de infância tem gerado uma série de transtornos e equívocos na integração de crianças no mundo dos adultos, como o caso de crianças "soldados" no oriente médio e na África, que participam dos conflitos muitas vezes na linha de frente, lutando por causas que desconhecem ou não compreendem na relação entre suas vidas e a ideologia defendida.
Muito tem-se avançado no que tange aos Direitos Internacionais, onde muitos países são signatários da defesa integral e como prioridade absoluta na construção de políticas públicas para a infância e a juventude, mas ainda patinamos e não saímos muito do lugar no que trata da nossa concepção de proteção à infância, pois muitos pais ainda possuem a ideologia da repressão e da agressão como forma educacional, no "bom e velho" tapinha na bunda, ou o castigo por não fazer a lição. O diálogo ou até mesmo o exemplo ainda estão longe de serem a metodologia usada pelos pais e responsáveis.
Também ainda se tem a cultura do "em briga de marido e mulher ninguém mete a colher", e a idéia de que todos os pais sabem como educar seus filhos, e nessas duas idéias jazem muitos direitos que são violados no espaço intra-familiar, que, como apontam os relatórios, é o espaço de maior violação de direitos.
Voltando ao caso específico da menina Isabella, e o usando como exemplo, é fato que uma intervenção da vizinhança nos primeiros gritos de pedido de ajuda, se não pudesse salvá-la, ao menos teria, logo no início, possibilitado pegar os culpados.
Assim, fica a orientação para os educadores, líderes comunitários e formadores de opiniões, que orientem as crianças e mulheres, maiores vítimas de violência familiar, para que, no momento da agressão, gritem "incêndio", pois isso foge às idéias iniciais de "privacidade" do lar durante a violência, e chamem a atenção de vizinhos. No caso de “incêndio” a intervenção de outras pessoas é sempre certa.
Crianças e adolescentes são seres em pleno desenvolvimento, não tem sua concepção de credo e ideologia política desenvolvida, mesmo que reproduzida em suas ações cotidiana, e não podem sofrer com as guerras causadas pelos adultos por estas duas razões.
Crianças e adolescentes devem ser prioridades absolutas nas políticas nacionais, regionais e internacionais, há muitas Isabellas no mundo, e muitas haverão se não mudarmos nossas concepções. Fonte: Portal Desacato
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