terça-feira, 19 de maio de 2009

A CRISE, O ESTADO E O PAPEL DOS SINDICATOS

Dinovaldo Gilioli*
A crise, que muitos teimam em denominar de crise financeira, é de fato uma crise estrutural do sistema capitalista que assume um caráter sistêmico cujas proporções e profundidade tem sido difíceis de avaliar. A crise é estrutural porque para resolver um problema de acumulação no sistema produtivo criaram-se formas de acumulação no sistema financeiro, propiciada pela excessiva e generalizada desregulamentação e retirada do estado como regulador do mercado e das relações sociais. Paradoxalmente, as “soluções” que estão sendo apresentadas para a crise atual, sem exceção, têm passado pela retomada da intervenção estatal inclusive como fonte de financiamento dos bancos, de grandes empresas e corporações levadas à bancarrota pelo processo em curso. Do ponto de vista político isto significa a completa desmoralização do projeto neoliberal em escala mundial, muito embora ele ainda não tenha sido derrotado devido à hegemonia criada pelo sistema financeiro internacional, que continua a comandar as relações internacionais e a impor a lógica e a idolatria do mercado. Do ponto de vista prático, essa crise de dimensão nunca vivenciada coloca por terra a tese de que as soluções para a sociedade passam necessariamente e exclusivamente pelas políticas determinadas pela lógica de mercado, pela lógica do capital. A consequência mais nefasta da crise é a diminuição do ritmo da economia e o desemprego daí decorrente. Além do problema familiar e social que ocasiona, o desemprego impõe sobre o mercado de trabalho uma tendência ao abaixamento geral dos salários, na medida em que o contingente de desempregados pressiona constantemente pela substituição dos salários mais altos pelos mais baixos. Além disto, outro perigo se apresenta. A intervenção estatal tende a “resolver” a crise sob a ótica do capital financeiro, caso o movimento sindical também não intervenha de forma consequente na conjuntura. Neste sentido, os sindicatos devem assumir papel relevante frente à disputa de interesses entre capital e trabalho; que acirrará em função da crise em andamento. *Diretor do Sindicato dos Eletricitários de Florianópolis - Sinergia

Nenhum comentário: